A produtividade da industria portuguesa não tem, nos últimos anos, evoluído como era previsto e como seria desejável tendo em vista o objectivo da convergência com a União Europeia. Trata-se de um assunto importante, pois como sabem, o nível de produtividade de um país está intimamente relacionado com o nível de vida e de desenvolvimento desse mesmo país.
A produtividade de um país depende por um lado do valor dos produtos que produz e por outro da eficiência com que esses mesmos produtos são produzidos. A nossa industria não tem conseguido evoluir a um ritmo desejável nem num aspecto nem no outro. Muito há a fazer e o caminho não é fácil. Se por um lado há o papel importantíssimo do estado, nada é conseguido se as empresas, elas próprias, não tomarem iniciativas de melhorarem a sua produtividade interna.
Aqui encontrará algum suporte teórico sobre produtividade, o estado da produtividade portuguesa no contexto europeu e mundial, algumas indicações de como se a pode melhorar, como se pode medir, estudos de caso, etc..
Produtividade Física
A produtividade é uma medida de eficiência ou de rendimento de uma ou de um conjunto de empresas. Tal como todas as medidas de eficiência é a razão entre o que se obtém e o que se fornece para o obter. A produtividade pode ser entendida como o quociente entre o que a empresa produz (bens e/ou serviços) e o que ela consome (tudo o que necessário para obter esse bem e/ou serviço). A produtividade representa assim a eficiência com que se usam os recursos para produzir os produtos. Como vários são os recursos que são utilizados para se produzirem os produtos, então pode-se dizer que produtividade P é definida analiticamente da seguinte forma:
Onde O (“output”) representa valor ou as unidades de produtos produzidos e os vários R representam os vários recursos utilizados para conseguir essas unidades de produtos num determinado período de tempo. Os recursos utilizados podem ser: Mão-de-obra, capital, energia, material e outros.
A forma mais comum de se medir a produtividade está relacionada o recurso mão-de-obra pois é normalmente o recurso mais importante das empresas. Desta forma a produtividade em relação à mão-de-obra resulta na seguinte equação:
,
Onde O representa o valor ou as unidades de produtos produzidos onde R1 representa as unidades de mão-de-obra, por exemplo em horas*homem.
A título de exemplo: Numa fábrica de montagem de bicicletas, 80 trabalhadores montam aproximadamente 500 bicicletas por dia. Isto resulta numa produtividade de aproximadamente 6,25 bicicletas por trabalhador por dia.
Este tipo de abordagem tem um pequeno problema. Como poderemos comparar, em termos de produtividade, uma empresa que produz bicicletas com uma empresa que produz sapatos? Será que uma produtividade de 6,25 bicicletas por trabalhador por dia, é maior do que uma produtividade de 80 pares de sapatos por trabalhador por dia?
A realidade empresarial ainda é mais complexa pois muitos dos produtos do nosso sistema económico não são itens físicos mas sim serviços (comercio, segurança, turismo, administração pública, ec.). Assim, além das dificuldades normais encontradas na medição da produtividade na industria, temos ainda as empresas de serviços onde a tarefa é ainda mais complexa.
Produtividade Bruta
A produtividade global de um país não pode ser medida em número de produtos como se faz na industria. Como se trata de uma enorme panóplia de produtos diversos de bens a serviços, é necessário que se use uma unidade agregada. Uma unidade que agregue os diversos produtos de diversas empresas é o valor, em dinheiro, dos produtos produzidos. Usa-se frequentemente o indicador “Produto Interno Bruto” ou o “Valor Acrescentado Bruto” como forma de avaliar o produto. O Produto Interno Bruto pode ser definido como sendo o valor de mercado de todos os bens e serviços produzidos num ano dentro das fronteiras do país.
A produtividade da mão-de-obra de um país, para um determinado ano, pode então ser medida das seguintes formas:
a) ou b)
onde:
P – Produtividade Bruta
PIB – Produto Interno Bruto
PE – Nº de pessoas empregadas
HT – Nº de horas de trabalho
A produtividade obtida em a) reflecte, para um determinado período de tempo, o valor dos produtos (em Euros), produzido em média por cada pessoa empregada. A produtividade obtida em b) reflecte, para um determinado período de tempo, o valor médio (em Euros) produzido em média por cada hora de trabalho.
Esta medida de produtividade é adequada em termos macro-económicos para se comparar desempenhos económicos de diferentes países ou regiões, ou simplesmente para ver a sua evolução ao longo do tempo. No entanto, esta medida de produtividade pode ser pouco eficaz na medida da produtividade de uma empresa. Vejamos o seguinte exemplo: Vamos admitir que por imposição do mercado, o preço de um produto se mantém constante ao longo de período de tempo e o custo das matérias-primas e da energia aumenta em igual período. Neste caso, se a produtividade física (nº de produtos fabricados por horas.homem) se mantiver constante, a produtividade bruta diminui pois o valor acrescentado diminui. Esta forma de medir a produtividade pode ser adequada em comparações macroeconómicas mas é pouco eficaz para medir a evolução da produtividade da mão-de-obra de uma empresa. Nestes casos a produtividade física é mais adequada.
Produtividade do Conhecimento
A produtividade do conhecimento é um interessante conceito de produtividade pois reflecte o peso do custo da mão-de-obra no produto interno bruto (Fernandes 2003). A produtividade do conhecimento quantifica o valor em €s dos produtos produzidos por cada € pago em salários.
onde:
PC – Produtividade do Conhecimento
PIB – Produto Interno Bruto
CMDO – Custo da mão-de-obra
Figura 1 – À esquerda a evolução da produtividade bruta portuguesa e à direita a evolução da produtividade do conhecimento.
Na figura 1 podemos observar a comparação entre a evolução da produtividade bruta e a evolução da produtividade do conhecimento em Portugal durante as décadas de 80 e 90. Nota-se uma evolução bastante positiva da produtividade bruta mas uma estagnação da produtividade do conhecimento. Que quer isto dizer? Quer dizer que todos os ganhos de produtividade obtidos foram repartidos pelas pessoas empregadas.
Medir a Produtividade
Para simplificar o problema vamos apenas considerar a produtividade de empresas de bens. Mesmo nestes casos, medir a produtividade física não é sempre uma tarefa fácil. Os produtos produzidos por um empresas não são normalmente todos iguais e consequentemente não têm todos os mesmos requisitos em termos de mão-de-obra. A título de exemplo: produzir 100 cadeiras do modelo C300 pode requerer mais mão-de-obra do que 150 cadeiras do modelo C100. Isto quer dizer que medir a produtividade em termos de número médio de cadeiras por hora.homem pode não ser uma medida eficaz de produtividade.
Uma forma de dar resposta ao problema anterior passa pelo uso da taxa de utilização da mão-de-obra como uma medida de produtividade. Vamos assumir que as necessidade de mão-de-obra, em minutos, para produzir os modelos C150 e C300 são os apresentados na tabela abaixo.
Cadeira - Modelo
C150
C300
Mão-de-obra (min)
25
40
Vamos assumir também que temos 10 operários disponíveis durante 460 minutos por dia. Assim, se ao fim de um dia tivermos 60 cadeiras do modelo C300 e 40 do modelo C150 produzidas, isso corresponde ao seguinte:
Tempo usado para acrescentar valor: 40*25 + 60*40 = 3400 minutos
Tempo disponível: 10*460 = 4600 minutos
A correspondente taxa de utilização de mão-de-obra seria: 3400/4600, ou seja de 74%. Por outras palavras, podemos dizer que se trata de um produtividade de 74%. Será oportuno dizer-se neste momento que uma parte substancial da nossa industria se encontra abaixo destes valores.
É importante notar que este tipo de medida só é possível se houver o conhecimento dos tempos de processamento associados a todas as operações dos planos de processo (gamas operatórias) de todos os produtos. Ora estes dados não são conhecidos em todas as empresas tornando esta técnica algumas vezes impraticável. O conselho que se pode dar aqui é que há vantagens enormes em conhecermos os tempos de operação ou processamento dos nossos produtos. Não é apenas relevante para o cálculo de produtividade ou taxa de utilização da mão-de-obra. Há muitas outras vantagens em conhecê-los, como por exemplo: cálculo mais rigoroso dos custos, planeamento e controlo da produção mais realista, planeamento de capacidades, gestão dos recursos humanos, etc.
Uma outra técnica de medir a produtividade é através do conceito de produto equivalente. Usando o mesmo exemplo, vamos assumir que o modelo de cadeira com menos necessidade de mão-de-obra é o modelo C150. O modelo C150 equivale então a 1 “cadeira equivalente”. Assim, o modelo C300 equivale, em termos de necessidade de mão-de-obra, a 1.6 (40/25) “cadeiras equivalentes”. Desta forma podemos saber, para qualquer combinação de produção de modelos de cadeiras, o número de cadeiras equivalentes produzidas num determinado período de tempo e para um determinado número de recursos, conseguindo assim uma eficaz medida de produtividade.
Muitas vezes as empresas usam apenas unidades agregadas de produtos produzidos como base de medida de produtividade. Mesmo que os produtos sejam relativamente diferentes uns dos outros é uma forma simples de medir a produtividade. Exemplos são: Número de pares de sapatos por operário por dia, independentemente do modelo ou; toneladas de sacos plásticos por operário por dia. Este tipo de medida, embora menos rigoroso, pode ser uma solução quando informação mais detalhada sobre tempos de operação (ou de processamento) não existe.
Figura 2 – PIB por hora de trabalho (Fonte: Eurostat)
Uma outra questão interessante é o conhecimento da capacidade instalada de uma empresa. Você sabe quantos produtos poderia produzir, em teoria, na sua empresa? Qual é a percentagem dessa capacidade teórica que está de facto a usar? O que se pode fazer para se aproximar mais da capacidade instalada?
A produtividade portuguesa
Todos nós ouvimos frequentemente dos órgãos de informação que a produtividade do nosso país é a mais baixa da União Europeia. Trata-se da produtividade bruta (PIB/população empregada ou PIB/hora de trabalho). A figura 2 apresenta a comparação entre vários países no que diz respeito à produtividade da mão-de-obra em termos do PIB por hora de trabalho. Como se pode ver nessa figura, a produtividade portuguesa, nesse ponto de vista é cerca de 60% da média da União Europeia e um terço da produtividade do Luxemburgo. Quer isto dizer que uma hora de trabalho no Luxemburgo produz em média 3 vezes mais valor do que uma hora de trabalho em Portugal.
Figura 3 – PIB por pessoa empregada (Fonte: Eurostat)
Um indicador de produtividade da mão-de-obra muito parecido é o PIB por pessoa empregada. A figura 3 mostra esta medida de produtividade comparando Portugal com outros países nomeadamente os outros países da União Europeia. Mais uma vez se vê Portugal no ultimo lugar da tabela e mesmo atrás de países de fora da união como Chipre e Eslovénia.
Figura 4 – PIB per capita (Fonte: Eurostat)
Por outro lado, é muito interessante ver que, no que diz respeito ao PIB per capita, Portugal se encontra melhor posicionado, com mais de 75% da média da União (ver figura 4).
Para se poder aumentar a produtividade da nossa economia teremos de entender primeiro alguns pontos essenciais e simples. A produtividade bruta, aquela que é usada para comparar o desempenho económico de países e regiões, depende de dois factores. Por um lado depende da produtividade física (ex: nº de produtos por empregado) mas também depende do valor acrescentado dos produtos fabricados.
Teoricamente, um país pode ter uma produtividade bruta à custa da produtividade física enquanto que outro pode tê-la à custa do valor dos seus produtos. A verdade é que, os países desenvolvidos tendem a deixar a produção dos produtos de baixo valor acrescentado para os países em vias de desenvolvimento procurando ficar com a produção dos produtos com maior valor acrescentado.
Não nos podemos esquecer do facto de que há muitos produtos cujo mercado é menos susceptível da competição externa, como por exemplo a construção civil, a restauração, a administração pública e muitos outros serviços.
A produtividade portuguesa cresceu exemplarmente bem ao longo do século XX em comparação com os outros países ocidentais (Lains 2002) mas a convergência tem vindo a decrescer nos últimos anos. A produtividade da industria portuguesa que compete nos mercados internacionais tem evoluído muito mais do que a da industria que actua apenas no mercado interno (Barros 2002). Alguns artigos interessantes sobre o assunto podem ser encontrados na conferência sobre o desenvolvimento económico português no espaço europeu (Gulbenkian 2002). Por outro lado pouca informação existe sobre a produtividade dos serviços e da administração publica.
Para que o nosso país possa aumentar a sua produtividade bruta é necessário que passe a produzir mais produtos de alto valor acrescentado e ao mesmo tempo aumente a sua produtividade física. Não podemos cair na tentação de descurar um deste dois factores. Não podemos orientar apenas a nossa atenção para a produção de novos produtos de alto valor acrescentado, pois muito há a fazer em termos da melhoria da produtividade física em muitas das nossas empresas.
É verdade que algumas das nossas empresas estão, em termos de produtividade física, ao nível dos país mais avançados, mas não nos podemos esquecer que muitas há onde isso está longe de acontecer, especialmente as “protegidas” do mercado externo. Muitas das nossas empresas não gerem (não medem e acompanham) a sua produtividade física, e isso é normalmente o equivalente a dizer que o seu valor é baixo.
Então poderemos concluir que há dois caminhos paralelos a percorrer para nos aproximarmos da média europeia: Há que produzir mais produtos de alto valor acrescentado e há que aumentar a produtividade física média das nossas empresas.
No que diz respeito a produzir mais produtos de alto valor acrescentado, o papel do estado é importantíssimo e pode-se dizer o seguinte: Isto só é possível a médio/longo prazo através de apostas sérias na melhoria da eficiência do nosso sistema de ensino, na melhoria da eficiência e eficácia da nossa administração publica e na melhoria dos nossos sistemas de comunicação. O sistema de ensino desempenha um papel de relevo neste processo. Ele terá, na nossa opinião, de dar maior ênfase na criatividade, no trabalho em equipa, no profissionalismo e numa maior cultura de rigor.
Quanto à melhoria da produtividade física, cabe às empresas o papel principal. Os empresários terão de acreditar que muito se pode fazer para a melhorar. A primeira coisa que qualquer empresa deverá fazer é tomar conhecimento da sua produtividade. Para se gerir a produtividade é necessário medi-la numa base frequente e introduzir melhorias nos sistemas produtivos com o objectivo de melhorá-la continuamente. Podemos dar alguns exemplos para se melhorar a produtividade: Alterar as implantações (Layout) no sentido de as tornar mais racionais, baixar os tempos de mudança de um produto para outro, baixar os inventários “stocks”, criar sistemas mais eficazes e mais eficientes de planeamento e controlo da produção, melhorar as relações com os fornecedores, criar sistemas eficazes de manutenção dos equipamentos, aumentar a motivação dos colaboradores, melhorar os sistemas de comunicação, utilizar melhor o capital humano, etc.. Há ferramentas para que todas estas melhorias sejam possíveis.
Melhorar a produtividade
O primeiro aspecto a ter em conta é medir e acompanhar a produtividade. Não é possível gerir sem medir. Há que encontrar uma medida de produtividade que seja eficaz e adequada a cada caso específico. Há que procurar sempre o equilíbrio entre o conhecimento adquirido pelas experiências dos outros e as particulares características da empresa em questão. Não há formulas mágicas que se apliquem a todos os casos, tem que haver uma grande capacidade de criar as melhores soluções para cada caso específico, sem nunca esquecer a cultura da empresa e o seu capital humano.
Uma das razões do falhanço dos programas de melhoria da produtividade passa pelo facto de se tentar sempre reduzir os recursos em vez de se tentar aumentar a quantidade produzida (Baines 1997). Aumentar a quantidade e a qualidade dos produtos produzidos, embora mais difícil de conseguir resulta num mais eficaz uso dos recursos e traz muito maior satisfação.
Há também frequentemente a tendência de se dar muita importância à tecnologia em detrimento dos aspectos humanos. Melhorar os canais de comunicação, incentivar o trabalho em equipa e ouvir com atenção as opiniões dos operários é normalmente mais eficiente.
Um dos principais problemas que a nossa industria tem vindo a sentir é que os mercados cada vez mais procuram lotes de menores dimensões e com prazos de entrega mais curtos. As nossas indústrias estavam mais ajustadas a lotes de grandes dimensões e por isso, as metodologias que funcionavam eficientemente deixaram de o fazer. Há que preparar as nossas industrias para responder melhor a estes caprichos do mercado. Essa preparação passa por 3 áreas principais: a) Organização interna - Trata-se do tipo de intervenção que depende apenas da empresa. Alguns exemplos são:
Tornar as implantações (layout) mais racionais – A distribuição física dos equipamentos pode já não estar adequada às quantidades e à diversidade de produtos produzidos. Poderá haver custos constantes de movimentação de materiais e pessoas que poderiam ser minimizados. Orientar a produção ao produto, quer com linhas quer com células é a solução frequente. Implantações mais racionais trazem normalmente ganhos significativos de produtividade.
Equilibrar as linhas e células – A procura tem alterado ao longo do tempo e as linhas e células já não estão equilibradas como no início. Há que equilibrar as linhas e células para a realidade actual. Há normalmente ganhos significativos de produtividade com este ponto.
Diminuir os inventários – Os dois pontos anteriores levam frequentemente ao reconhecimento que menores inventários são necessários. Devemos olhar para os nossos níveis de inventário e questionar se seria possível reduzi-los. Lembre-se que a sua empresa não é um armazém, não é essa a sua vocação.
Fomentar o trabalho cooperativo – O capital mais importante da sua empresa é o capital humano. Tire partido desse recurso vital. O trabalho cooperativo aumenta a motivação no trabalho e diminui o absentismo. Muitos problemas podem ser resolvidos pelos operários se estes se sentirem responsabilizados e o seu valorizado. Este princípios já são conhecidos desde os anos 30. É necessário dar espaço para maior intervenção dos colaboradores, facilitar a comunicação entre colaboradores e entre colaboradores e quadros
Aumentar a polivalência – os seus operários devem ser capazes de levar a cabo diferentes tarefas, só assim é possível responder rapidamente e sem atropelos a mudanças da procura. Isto só é possível com formação adequada e prática.
Agilizar procedimentos – Alguns procedimentos podem estar desajustados à realidade. Há que actualizá-los aos novos contextos.
Diminuir os tempos de preparação das máquinas – Só é possível responder rápida e eficientemente a alterações bruscas da procura (pequenas encomendas) se os tempos de preparação da máquinas for mínima. Para isso há que usar a técnica SMED.
Implementar sistemas de manutenção preventiva – Não é possível ser competitivo e produtivo se as máquinas estiverem constantemente a avariar. Há que criar um sistema de manutenção adequado.
Implementar sistemas eficientes de gestão da qualidade – A qualidade não pode ser vista apenas como promoção perante o mercado. A qualidade deve ser vista como uma ferramenta para a melhoria da eficiência. A qualidade deve trazer poupanças e não encargos.
Etc..
b) Relações com o ambiente – Trata-se das relações que podem ser criadas com o meio envolvente e com o mercado. Este tipo de intervenção tem aspectos que dependem da empresa mas também tem aspectos que não são controlados por ela. Alguns exemplos são: criar relações de parceria com fornecedores e clientes, agruparem-se em associações de empresas, aumentar as ligações com universidades e institutos, etc.. c) Infra-estruturas: Estes aspectos não dependem em nada do comportamento da empresa e pesam definitivamente no desempenho das empresas. Aqui há apenas o papel do estado e da sociedade em geral. Alguns exemplos são: melhoria das vias de comunicação (estradas, caminhos de ferro, aeroportos, portos, Internet, telefones), criação de escolas eficazes de formação profissional, desenvolvimento nos institutos e universidades recursos com capacidade eficaz para responder às necessidades das empresas, diminuir o peso burocrático das instituições públicas, agilizar a legislação, etc..
É bastante fácil listar todos estes pontos dos parágrafos a) e b) mas leva-los à prática é bastante mais complicado. Algumas das razões que podem impedir a implementação dos pontos anteriores são: normal resistência à mudança, a gestão de topo nem sempre vê com clareza os benefícios da mudança, a gestão de topo está constantemente ocupada em “apagar fogos” e não tem tempo para pensar a mudança, nem sempre há resultados a curto prazo, pessoas “chave” não estão motivadas, parece mais atractivo melhorar os procedimentos existentes em vez de criar novos, “isso não vai funcionar na nossa empresa”, etc. Quanto aos pontos do parágrafo c) não há muito a dizer pois depende muito dos políticos e das suas decisões estratégicas para o país.
Atenção: A Produtividade Física não é tudo
É errado pensar-se apenas na melhoria da produtividade. A produtividade não é tudo e pode não ser o garante da sobrevivência. Podemos ter uma empresa com uma produtividade alta mas que não consegue competir com outras cuja produtividade é menor. Não interessa produzir, mesmo com elevada produtividade, bens para os quais não haja procura no mercado ou cujo prazo de entrega não cative o mercado. Também não tem vantagem nenhuma ter grande produtividade quando os produtos que produzimos ficam em armazém durante muito tempo. Não devemos descurar outras medidas importantes de desempenho. Há o problema da qualidade, dos prazos de entrega e o cumprimento desses prazos. Para o cliente, a produtividade do fornecedor não é motivo de preocupação mas os prazos de entrega são, bem como a qualidade e o cumprimento desses prazos.
Não devemos confundir nunca a competitividade com a produtividade. Em termos de competitividade a posição portuguesa não é tão má. Portugal encontra-se na 23ª posição no ranking publicado pelo relatório de competitividade do Fórum Económico Mundial (WEF) subindo 2 lugares no último ano.
As empresas têm de evoluir no sentido de responderem rapidamente às alterações do mercado. As empresas terão de ter a capacidade de mudar rapidamente e com baixo custo de uns produtos para os outros. As empresas que melhor sejam capazes de fazer isso serão empresas de sucesso. A empresa do futuro será capaz de:
Produzir com qualidade e a baixo custo.
Possuir prazos de entrega muito curtos.
Mudar rapidamente de produto.
Produzir eficientemente pequenas ou grandes quantidades.
Cumprir sempre os prazos de entrega.
Responder eficientemente a alterações bruscas dos níveis de procura.
Muitas das condições de competitividade das empresas não ficam pela produtividade, há muitos outros factores importantes de competitividade.
De acordo com Goldratt (1990) o lucro, objectivo das empresas, pode ser aumentado de 3 diferentes formas: Baixando as despesas de operação, aumentando a taxa de produção ou diminuindo o WIP (nível produtos em curso). Mesmo sem alterar em nada a produtividade física, uma empresa pode aumentar a sua produtividade bruta e a sua competitividade simplesmente baixando o nível de produtos em curso de fabrico.
Lains P, “Why growth rates differ in the long run: capital deepening, productivity growth and structural change in Portugal, 1910-1990”, Desenvolvimento Económico Português no Espaço Europeu: Determinantes e Políticas, Fundação Calouste Gulbenkian, 24 e 25 de Maio de 2002.
Barros P P, “Productivity convergence: Portugal and the European Union”, Desenvolvimento Económico Português no Espaço Europeu: Determinantes e Políticas, Fundação Calouste Gulbenkian, 24 e 25 de Maio de 2002.
Fundação Calouste Gulbenkian, (2002), Desenvolvimento economico portugues no espaço europeu, http://www.bportugal.pt/events/conferences/CEM/default.htm
Baines A, Productivity Improvement, Work Study, Volume 46, Number 2, 1997, pp. 49-51, MCB University Press, ISSN 0043-8022
Goldratt E M, Theory of Constraints, North River Press, 1990, ISBN: 0-88427-166-8